quinta-feira, novembro 03, 2011

Lembranças - Por Maurício Filho


Era um sábado. Sim, um sábado chuvoso aqui no Rio de Janeiro, e lá estava eu, a caminho da extinta pista do Norte Shopping, para me reencontrar com uma pista de kart, 5 anos após a minha última corrida, também na extinta pista do TKI, Tijuca Kart Indoor.

Lembro-me que essa corrida, que deu início ao nosso grupo de Kart, foi marcada por muita expectativa por parte de todos os envolvidos. Tudo havia começado com uma conversa no corredor do prédio 06, dependências do Inmetro/Xerém, quando eu ainda trabalhava lá com essa turma boa. Meio que sem querer, já havíamos tentado correr antes, mas na hora “h” sempre furavam. Dessa vez foi diferente. Contrariando tudo e todos, até a previsão do tempo, lá estavam 13 pilotos que fizeram parte da história do Acelera Jatobá.Um 14º, Fábio, chegara atrasado e não participou desse momento e dessa foto histórica.

Como havia dito, parti para a pista do Top Kart Norte Shopping, com um frio na barriga. Todos no grupo sabiam o quanto eu gostava de automobilismo, e sabiam também, que eu já havia andado de Kart antes. Não queria fazer feio. Cheguei ao Norte Shopping com minha esposa, namorada na época, e fui direto para a pista. Levava comigo, meu capacete de moto Honda, “herança” do meu padrinho, que era o capacete que eu usara nas corridas de kart na época do TKI, e que eu também usei quando me aventurei de carro, em provas no autódromo do Rio, eventos tipo Time Trial, hoje chamado de Track Day, mas isso é outra estória.

Pois bem, estava lá com meu capacete debaixo do braço, capacete que guardo com muito carinho até hoje, e com a boca seca. Sim, nervoso (a) estava você. Eu estava muito nervoso. Aos poucos meus amigos foram chegando. Confirmei o horário, e perto de entrarmos na pista, um problema: Precisávamos de mais um ou dois pilotos, minha memória me trai agora, para completarmos a nossa bateria, caso contrário, seria colocado “um estranho entre nós”. Coisas de Top Kart Norte Shopping... Olhamos um para a cara do outro e pensamos: “E agora?” A solução estava bem próxima de nós, ou melhor, nos acompanhando. Os filhos do Leandro. Sim, sem pensar duas vezes, os dois entraram na nossa corrida, e resolvemos o problema (são os dois menores, na frente da galera na foto).

Resolvido esse problema, fomos para o briefing. Escutamos as explicações, o que podia, e o que não podia, as bandeiras, aquele monte de coisas que quando entramos na pista e baixamos a viseira, parece que esquecemos (risos), tipo uma “Bandeira Branca Amilton....” - Isso me traumatiza até hoje, mas, também foi um outro momento (risos 2 ).

Então, terminado o briefing, fomos para a beira da pista aguardar a nossa hora. Lembro-me de não conversar muito, de sentir vontade de ir ao banheiro pela milésima vez, e de olhar para a pista, de tentar aprender alguma coisa, de ver algum caminho, e por aí vai.

Termina a bateria antes da nossa, e é chega a hora. Salvo engano, fui o 1º a entrar na pista e correr para o meu kart. Não me lembro o nº do kart, mas me lembro que sai no meio do pelotão para os 5 min de qualify.

Sem a menor calma, no desespero mesmo, a única coisa que passava pela minha cabeça era: Tenho que passar todo mundo.

Daí vocês imaginem o meu qualify. Disputei posição, perdi tempo, bati e levei porrada, de tudo um pouco, ingredientes de quem está começando, com muita sede ao pote.

Treino vai, treino vem, é dada a quadriculada. Diminuo a velocidade e vou com meus amigos até a parte onde deveríamos parar e aguardar a chamada para a formação do grid de largada. Sim, parados ali, conversamos, mas não me lembro o que. Começa a chamada e eu sou chamado à posição de honra. Pensei: “50% da minha meta já fora atingida, agora, faltam os outros 50%.”

Formamos o grid, todos posicionados e... é dada a largada (sinal verde). Larguei bem. Lembro de conseguir abrir uma certa vantagem da turma que vinha atrás, pois estes vinham se pegando, brigando por posições, e eu de cara pro vento, aproveitei para ir abrindo. Lembro que foi uma corrida tranqüila, e que só me preocupava quando eu tinha que fazer uma ultrapassagem sobre algum retardatário, pois eu não tinha calma suficiente, e isso poderia me trazer problemas de bater e ficar preso, ou, de bater e machucar algum amigo meu, lembrando que entre nós havia duas crianças, filhos do Leandro, hoje dois marmanjos.

Fui avançando, hora passando sem esbarrão, hora passando meio que desembestado do jeito que vinha, e lá fui eu. Rodamos mais um pouco e termina a corrida. Lembro de ter ficado em primeiro, o Amilton em segundo, e salvo engano, o Felipe em terceiro – me corrijam se eu me enganei.

Para esse prova, o mais legal, eu meio que me preparei. Lembro de ter comigo pouco no almoço, e de ter dito isso aos meus amigos, de ter separado uma velha calça jeans, e uma camisa azul marinho, também surrada, pois não queria vestir macacão. Daquele dia, como disse, tenho guardados comigo o capacete, e meu All Star preto, cuidadosamente escolhido, por ter uma sola que não escorrega, e que não escorregou dos pedais do kart. A velha calça e a camisa, já não existem mais.

Depois da corrida, alguns, dentre eles eu, partimos para o Habib´s da Rodovia Washington Luíz, debaixo de um tremendo pé d´água. Lá nos reunimos para um divertido bate papo pós corrida. Depois desse encontro, surgiu a idéia de montarmos um campeonato, e daí para frente se passaram 5 anos. Essa acabou sendo a nossa 1ª corrida, e eu não parei mais.

São 5 anos andando de kart pelo menos 2 vezes ao mês, agora na companhia de novos amigos, dentre eles, o maior de todos, meu Pai, que entrou para o grupo em Janeiro de 2007, e como diria Roberto Carlos, são fortes emoções ! (risos 3).

Nesses 5 anos de kart, muita coisa mudou. Mudaram os amigos, mudaram as pistas, mudaram os karts, eu mudei (hora mais magro, hora mais gordo), me casei, ganhei um filho lindo, mas a minha paixão pela velocidade, o meu amor por essa disputa, que me fez comparecer a todas as etapas durante esses 5 anos, fora os treinos e corridas por outros grupos, continuaram inalterados.

Graças a essa corrida de 11 de novembro de 2006, eu pude resgatar esses sentimentos, essa vontade de competir e de me superar. Por tudo isso, sou grato a cada um de vocês, e espero um dia, poder reunir toda essa turma novamente, para uma corrida de comemoração a esse momento tão bacana.

É isso, esse foi o meu 11 de novembro de 2006.

Um forte abraço.

Maurício Filho
Piloto – até hoje – do Grupo Acelera Jatobá /RJ
COM MUITO ORGULHO !

Maurício, o kart que usou tinha o número 10.















Turma indo para o Kart















Término da corrida e poucas vezes vi a turma se reunindo assim... tinha tudo para dar certo

3 comentários:

Sensacional esse resgate.
Muito bom meu amigo.
Um forte abraço e obrigado de coração!

Ei meu amigo... obrigado pelo incentivo... o resgate é nosso e esta é a nossa história...
Abração irmão...

Espero que um dia poderemos estar todos juntos novamente.

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